O governo chinês planeja lançar mais um método para controlar a mídia local: uma lista negra de jornalistas que violam as regras de publicação oficiais. A agência que controla a mídia estatal planeja "criar um banco de dados de profissionais da imprensa com histórico ruim". "Repórteres que quebrarem as normas terão seus nomes inseridos na lista e não poderão escrever nem editar", afirmou Li Dongdong, vice-diretor da Administração Geral de Imprensa e Publicações.
A mídia chinesa já é rigorosamente controlada e frequentemente censurada como todos nós já conhecemos. Durante os Jogos Olímpicos em Agosto do ano passado, em Pequim, o governo ditou algumas regras, mas, desde então, retrocedeu. Temas considerados sensíveis são, em geral, ignorados, e alguns jornalistas chineses já foram presos por publicar denúncias de corrupção no setor privado ou no governo. As medidas não se aplicam a jornalistas estrangeiros, que são regulamentados pelo Ministério das Relações Exteriores. Cidadãos chineses são proibidos de trabalhar como jornalistas para organizações de mídia de outros países.
Segundo Dongdong, as medidas são necessárias para evitar "reportagens falsas". No passado, repórteres também já pediram dinheiro para não publicar notícias negativas, como acidentes em minas de carvão, e frequentemente aceitam publicidade em troca de cobertura positiva.

Justificativas de fachada
Para Vincent Brossel, da organização Repórteres Sem Fronteiras, os subornos e as matérias falsas realmente existem, mas a questão maior na mídia chinesa é a censura. "Quando o governo diz que está tomando ações para evitar notícias falsas, jornalistas independentes e reportagens críticas também estão sendo censurados", opinou.
Especula-se que o governo esteja sendo mais rigoroso este ano por conta de diversas datas comemorativas, como os 50 anos da revolta tibetana contra a ocupação chinesa e os 20 anos dos protestos na Praça da Paz Celestial. O Clube de Correspondentes Internacionais da China informou que, desde o começo de 2007, houve mais de 335 casos de violência, detenção e outras ameaças a repórteres no país.
Por: Leticia Nunes (edição), com Larriza Thurler
Edição final texto e imagem: Dagson Izinguer